24.5.11

Pós Carnaval

    Três da manha. Depois de uma noite de carnaval, uma menina anda pela rua escura de Paraty. Ainda ouve ao longe os estouros dos fogos de artifício no céu estrelado.
    A menina veste um vestido de boneca verde com detalhes em marrom, e uma boina de pizza, que esmaga seus pequenos e delicados cachos.
    Todas as casas apagadas. Apenas um feixe de luz sai da porta estreita da casa da esquina.
    O único som que ouve é o barulho de seu chinelo batendo rapidamente no asfalto e no seu pé. Asfalto, pé. O som se espalha, fazendo eco. Tudo em uma velocidade quase impossível de contar.
    Cada vez mais alto. Uma sensação de que está sendo perseguida bateu na menina. Sem conseguir pensar muito, a garota corre até sua única fonte de luz e olha rapidamente para trás. Nada. Espera um pouco e continua seu caminho. O som do seu andar parece ter dobrado e dobrado "plac,plac,plac,plac". Parou. Respirou fundo. Pensou como foi bom esse dia com seus amigos e família. Acalmou seu coração e entrou na segurança de seu lar.

8.4.11

Crônica de um Amigo- Katharina Goldoni

 MAIS UM...
Mais um Natal, mais um ano, mais um amor, mais uma música, ...
 O que tudo isso significa?
 Podemos então perceber que nessa só ganhamos, a cada dia que passa. Ao conhecer alguém novo, ganhamos mais uma experiência de vida, ao ajudar ao mínimo, ganhamos o agradecimento, ao amar, ganhamos o amor... Mas o importante disso tudo, não é exatamente ganhar, é que sabemos que não iremos perder as coisas mais importantes, porque a cada ato seu, algo está sendo adicionado no seu coração.
 E eu agradeço por estar aqui agora bem pertinho do Meu mundo e prometo curtir mais esse ano que vai chegar, que ele seja muito bem vindo! E tudo o que vier com ele também...
 Afinal, acredito na teoria de que TUDO está conectado. Imagine, linhas infinitas, nos ligando a tudo o que está ao nosso redor.  Então porque alguma coisa faria mal para nós? Até as coisas que não nos agrada, no final de tudo, só estavam fortalecendo nosso coração mole.


Crônica de Katharina Goldoni  
Blog: osereestar.blogspot.com

4.4.11

A luz

Sim. Há apenas uma única luz no meu quarto escuro. A luz vermelha.
A luz muda de cor, mas apenas quando eu quero. Na escuridão do meu quarto, ela parece aumentar cada vez mais. 
Aquela pequena luz redonda, no preto, parece mais um olho de um robô maligno.
 Um robô, um pouco de sangue, uma boca, um laser, uma luz. 
A imaginação vem na pior hora, ou nem tanto. No mesmo tempo em que posso imaginar uma alma, alguém ali, posso transformar esse pequeno fato em uma simples crônica. E assim apertar o botão do controle para trocar de cor a pequena luz e poder ver minha tv tranquilamente.

1.4.11

Dia Comum?

Era uma segunda-feira e depois de um longo dia de aula estava cansada, com calor e com fome. Como sempre.
Quando atravessei o portão de saída da escola, fui correndo em direção ao metrô, pois queria chegar logo em casa e ter a sensação da água gelada do chuveiro em meu corpo suado, como se estivesse debaixo de uma cachoeira.
Após passar meu bilhete único na catraca, desci as escadas em um passo mais acelerado e entrei no primeiro vagão que vi.
- Próxima estação Vila Mariana - falou a voz fininha, fina demais que era capaz de estourar nossos tímpanos, de dentro da caixa de som.
Antes que a porta se fechasse, uma mulher que aparentava ter trinta e quatro anos entrou rapidamente no vagão. Todos os olhos possíveis ali se viraram a ela.
A mulher vestia-se como se estivesse inverno. Usava uma sapatilha baixa na cor azul, e muitos panos e lenços, que não deixavam nem ver o que estava vestindo. Mas era bonita, linda, pelo menos seus olhos eram. Pela fresta do seu lenço preto que cobria seu  rosto, só podia ver seus grandes olhos verdes, com cílios bem pretos curvados para cima, sempre olhando para o lado, aqueles olhos envolta tão pretos.
Ao sentar no acento azul, próprio para pessoas idosas, começou a tocar uma música alta no lugar onde ela  estava e só assim pude entender que usava fones de ouvido brancos.
A música a cada segundo aumentava de volume, só assim que todos repararam que não era uma música comum e nem uma muçulmana comum. Ela se levantou e começou a cantar o mais alto que conseguia : "Rah,rah,ah,ah,ah,ah! Rama-ramama-ah. Gaga-ooh lala! I want your bad romance"
Todos começaram a rir e depois a cantar. Dentro do vagão parecia uma grande festa. Logo depois de uma estação saí com uma sensação de prazer, como se acabasse de comer uma grande barra de chocolate.

27.3.11

Meu mundo real?

Fazia. É um verbo no passado. Fazia esse caminho todo dia. Agora não faço mais.
Há alguns anos, passava todo dia pelo mesmo banco,super mercado e lojas na saída da escola. Escola antiga,amigos antigos,lugares antigos.
Relembrar o que você fazia pode ser muito bom. Mas no meu caso não.
Passar na frente daquela escola não me faz sentir bem. Pelo 

contrário. Pensar nos poucos momentos bons pode até ser legal. Agora pensar nos muitos ruins, é péssimo.


Os sentimentos me atacam. Os ruins principalmente. Uma sensação de ter voltado no próprio momento bate no meu coração.
Olhando as pessoas saindo da aula, penso que no tempo que eu estava lá gostava. Gostava ou fingia que não ligava. Pois como eu poderia gostar de estar lá? Com as pessoas com o mesmo estilo, cabelo, personalidade. Não é o mundo real. Ninguém lá é real.
Por que na hora do adeus sofri? Se fosse agora, nunca iria sofrer em dar adeus a essa escola, pessoas e professores.
E o meu oi para o mundo real? Por que foi tão difícil entender que lá não era o mundo real? 
Pois o  mundo real é feito de escolhas, e suas escolhas, não a dos outros. Cada um tem a sua personalidade, sua opinião, seu estilo de viver, suas coisas. Lá não conseguem ver isso. Acham que no mundo, todos devem ser iguais. Mas qual a graça de serem todos iguais? 
Ainda bem que consegui me encontrar antes que fosse tarde. Poder ser realmente quem eu sou. E conseguir aprender como é viver no mundo real.

25.3.11

MÃES- só mudam de endereço



Ahh... só mais 5 minutos, as 9 eu acordo. Já?!?  Só mais um pouquinho! Calma mãe já vou levantar. Tomar banho hoje? Ahh mãe, mas eu tomei ontem de noite, vai mamãe, por favor!  Ok, tô pronta. Tomar café? Não, como sempre! Tá, agora preciso fazer lição. Me ajuda? Poh, essa lição é impossível! O professor não explicou. Mãe, eu não entendi nada!  Por favor, explica de novo? Tá bom. Entendi, entendi, entendi mãe!
Esse trânsito, poh, mãe, não tinha outro caminho? Eu vou chegar atrasada! Vou perder a primeira aula. Não vai dar nem pra passar no armário. AHH! Odeio segunda, mãe.
Ah mãe, por favor! Vai me deixa! Mãe eu não faço isso! Foi ele, não eu! Por que você sempre me culpa por tudo? Foi ele! 
Mamãe eu te amo! Obrigada! Você sabe que foi com carinho, né? Que um pouco? Precisa de alguma coisa? Você tá bem?
MÃÃÃEE! Eu te dei uma mordida, não era para comer o sanduíche inteiro! Tó!
Que chata! Você tinha deixado! Por que agora não? Ahh! Juro mãe! Sério, vai! Please!
Tá boom! Eu vou fazer! Eu vou trazer! Eu vou comer! Eu vou! Vou! Mãe, você sabe que vou, né?